segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Conte Sua História

Meus amigos, para quem não conhece o Francis Gomes, este poeta simples, patriota  nato e apaixonado pelo, nordeste, pelos nordetinos, e pela cultura nordestina, amanhã, 24/08/2010, será um dia em que terão oportunidade de conher. A Associação Cultural Literatura Brasil, tem um projeto chamado; CONTE SUA HISTÓRIA, e será a vez do Francis Gomes, este poeta que vos fala, contar sua história, estão todos covindos participar deste momento desta troca de conhecimentos.
Alem disso, terei o privilégio de ser o primeiro a inaugurar a nossa sede, localizada  na rua Bandeirantes 606, Jardim Revista, proximo a padaria. Antes de ser inaugurada oficialmente, será o primeiro evento na nova sede.
Compareçam, estou a espera de todos.
Quero também desde já agradecer a todos meus companheiros da Associação, pelo privilégio de conceder-me o prêmio de o primeiro evento na nova sede ser o meu conte sua história.
Amanhã estarei blogando algumas coisas que relatam a minha simples história, mas  observem esta poesia  abaixo, ela conta a vida de uma criança pobre, que precisava de muito pouco para ser feliz, e as vezes este pouco faltava.



Lembranças de criança





Dizem que homem não chora

Mas que quero discordar.

Porque sempre que eu lembro

Do meu velho Ceará,

Onde vivi quando menino

Mas por artimanha do destino

Fui obrigado deixar.



Bate uma dor no peito

Não consigo suportar,

A saudade chicoteia

Não tem como segurar

E como duas nascentes

Dos olhos desobedientes

Lágrimas põem-se a jorrar.



A vida era muito dura

Cheia de dificuldade

Mesmo assim pode crer

Eu sinto muita saudade.

E com alegria lembro

Que todo mês de dezembro

Tinha festa na cidade.



Durante o ano inteiro

Eu guardava alguns trocados

Uns eu mesmo ganhava

Trabalhando no roçado

Outros papai me dava

Com alegria eu guardava

Em um bauzinho quebrado



Papai comprava para mim

Também para meu irmão

Uma calça xadrez

E uma camisa de algodão

E do mais fraco material

Um tênis da Montreal

Motivos de satisfação.



Em todo mês de dezembro

Na festa da padroeira

Vinha um parque e um circo,

De Lavras de Mangabeira.

Trazendo felicidade

E tirando da cidade

Aquela calma rotineira.







Durante o mês inteiro

Alegrava a cidade.

Mas para um menino pobre

Tudo era novidade,

E ver a roda gigante

Além de emocionante

Era uma felicidade.



Aquelas luzes coloridas,

O carrossel que girava

Eu achava tão bonito

E quilo me encantava.

Mas alegre de verdade

A maior felicidade

Era quando o circo chegava.



Eu acompanhava tudo.

Levantar a lona, o picadeiro,

As arquibancadas de madeira

Até a colocação do letreiro

E se eu não trabalhasse

E se papai não brigasse

Eu ficava o dia inteiro.



Mas pra toda criança pobre

A falta de dinheiro é um açoite.

O circo é como um sonho

Que chega antes noite,

Mas me fazia acordar

Ao ouvir um homem falar:

Respeitável público, boa noite.



Eu ficava tão feliz,

Meu coração transbordava

Borbulhando de alegria

Meus olhos até brilhavam,

Ao ver o equilibrista

O palhaço o trapezista

Que no trapézio voava.



Um bode e um elefante

Velhinho todo enrugado,

Um homem cuspindo fogo

E um leão aleijado,

O palhaço Cebolinha

E uma mulher gordinha

Rolando em vidro quebrado.



Um homem em cama de prego

Chamado peito de aço,

Quebrando pedra no peito

Deixando só os pedaços.

Sem dinheiro para entrar,

Eu me obrigava gritar

Correndo atrás do palhaço.



Em suas pernas de pau

Pelas ruas e calçadas

Cebolinha era seguido

Pelos gritos da molecada.

Ele ia perguntado

E nós íamos respondendo

De forma bem engraçada.



Hoje tem espetáculo?

Tem sim senhor.

Olha o palhaço na rua.

Ladrão de perua.

E o palhaço na linha?

Ladrão de galinha.

E o palhaço o que é?

Ladrão de mulher.



Mesmo muito envergonhado

Cabelo embaraçado, avermelhado

Todo queimado do sol,

Eu gritava com a molecada

Para ganhar uma entrada

No velho circo caracol.



Hoje, só me resta chorar

Quando me ponho lembrar

Momentos de minha infância.

E uma grande vontade

De rever minha cidade

E voltar a ser criança.



E pelas ruas estreitas

Por todos os becos escuros

E esquinas de minha cidade.

Correr feito um espírito vadio

Galopar pelas trilhas do passado

Para matar a saudade.



Do palhaço Cebolinha

Com suas pernas de pau,

Rever todos outra vez.

Colegas, companheiros e amigos

Que viveram isto comigo

Por onde estarão vocês?



O Ferrugem, o Galego,

Manquinho, Catatau, Vesgo

O Burrela, bola, esqueleto,

E aqueles que por falha da memória,

Esqueci o nome ou apelido

Vossa imagem esta gravada em meu peito.



Como estará hoje minha cidade?

Por onde andarão vocês?

A que rumo vos levou o destino?

Será quem vive? Quem já morreu?

Quem estará assim como eu?

Revivendo o tempo de menino.





Francis Gomes

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