segunda-feira, 16 de agosto de 2010

As palavras revelam a alma.

Meu canto





Alguns amigos me chamam de poeta
E outros me chamam cordelista
Meus parentes me chamam por meu nome
Mas o meu povo me chama de artista.

É por isso que eu canto o meu povo
Suas dores, alegrias e tristezas
Não escondo os indecoros que existe
Mas me esforço para cantar as belezas

Desta terra desprovida de um rei
Onda a lua toda noite faz clarão
E o sol impetuoso fere forte
Como carrasco deste povo e deste chão.

Mas este povo, esta nação sem bandeira
É como o sol rompendo a aurora a cada dia
Muitas vezes são deuses de si mesmos
Infelizes estandartes da alegria,

Impávidos heróis sem honra ao mérito
Gênios que a pátria não os reconhecem
Filhos legítimos de um rei
Bastardos na miséria em que perecem

Em uma terra rica por si mesma,
Cheia de fontes, rios, açudes e mar
Céu azul, sol brilhante, verdes colinas
Noite estrelada e uma lua a clarear

E nesta terra é possível ver a aurora
E o arrebol que forma o sol ao entardecer
Ouvir cantar, cigarras, grilos e passarinhos
E ver vadios pirilampos ao anoitecer

Por isso canto cada canto desta terra
Os campos, as selvas, a luz, o escuro
Canto este solo, este povo bravio
Livre pra morrer sem ter futuro

Se cantar a minha terra é loucura
E ser poeta patriota é ser maldito
Me desculpem outras terras outros povos
Mas só a morte pode calar o meu grito

Porque não existe uma terra mais bonita
Nem existe um povo tão valente
Quem quiser que cante sua terra
Eu, porém canto a minha e minha gente.



Francis Gomes

 
 
 

 
 
 
 
 
 

Hora maldita



Se a saudade matasse este caipira
Que deixou sua terra há tantos meses
Apesar de morte ser só uma
Eu teria morrido muitas vezes

Mas a saudade não mata só machuca
E a gente fica sem saber o que se faz
Tento esquecer para ver se diminui
Isto só serve pra saudade aumentar mais

Sufoca o peito me dá um nó na garganta
É um negócio esquisito por demais
Pois não há nada mais triste neste mundo
Que ser sozinho e viver longe dos pais

Então eu penso que maldita foi a hora
Que iludido eu deixei meu pé de serra
Me aventurando buscando a felicidade
Pra viver triste e infeliz em outra terra.



Francis Gomes

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