quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Porque te amo


Te amo, não é pela sua beleza,
Nem pelos seus cabelos negros,
Nem pela cor dos seus olhos.
Te amo, não é pelo seu sorriso elegante,
Nem sua boca pequena
E seus lábios grandes.
Não é pela sua voz que sussurra,
Pelos seus braços que me apertam,
E suas mãos que me tocam.
Não é pelo seu corpo bonito,
Pelo seu jeito atraente,
Nem sua sensualidade.
Nem por que quero te amar.
Te amo por que não mando em meu coração,
Porque não controlo meus sentimentos,
E não consigo te odiar.
Só por isso, e por isso te amo.





Francis Gomes

terça-feira, 26 de novembro de 2013

TRECHOS DE MAIS UM CORDEL DO POETA FRANCIS GOMES

O Encontro de Lampião com Zé Capeta

Como poeta que sou
Cordelista e nordestino
Peço licença aos colegas
Que tem o mesmo destino
Mas a pedido de um amigo
Vou tentar ver se consigo
Falar sobre Virgolino

Quem não conhece a fama
Do nordeste brasileiro
Pobre terra castigada
Pela seca o ano inteiro?
Mas rica em homens valentes
De coronéis e tenentes
E do maior cangaceiro.

Do Juazeiro do Norte
De Padre Cícero Romão
E Virgolino Ferreira
O temido Lampião.
Sem por os outros pra baixo
Foi um dos homens mais macho
Que já nasceu no sertão.

Famoso rei do cangaço
Do nordeste brasileiro
Seus feitos são conhecidos
Por este Brasil inteiro,
Vou contar feitos incríveis
E algumas senas terríveis
Deste grande cangaceiro.

Mas antes de começar
Amigo prestem atenção  
Eu vou contar pra você
Logo em primeira mão
O motivo e o porquê
Virgolino veio a ser
Chamado de Lampião

Virgolino tinha um costume
Depois de uma batalha
Tomar um copo de pinga
Fumar um cigarro de palha,
E o tira-gosto usado
Era sangrar um soldado
E lamber sua navalha

Aconteceu que uma noite
Em certa ocasião
O cigarro do cangaceiro
Caiu e se perdeu no chão.
Ele começou atirar
Para poder encontrar
O cigarro na escuridão

Seu rifle jorrava fogo
Clareando a escuridão
Semelhante uma luz
No pavio de um lampião
Então surgiu o apelido
Do homem mais conhecido
No cangaço do sertão

Por um propósito de Deus
Ou artimanha do cão
Na fazendo vila bela
No agreste do sertão
Nasceu então um menino
Por nome de Virgolino
Que veio a ser Lampião.

Mas não se aterrorize
Sobre o que dele escutou
Nem com que neste instante
Descrever agora eu vou
Porque este Virgolino
Foi só mais um nordestino
Que o mundo transformou.

Como premonição
Ou saga de um nordestino
O sofrimento é certeza
Nas trilhas de seu destino
Por mais que fosse valente
Também não foi diferente
Na vida de Virgolino.

Contudo ele não tinha
Um coração tão malvado
Mas só depois que ele viu
Seu pai sendo assassinado
Foi então que Virgolino
Traçou seu próprio destino
De cangaceiro afamado...

...Mas havia na Bahia
Um ilustre cidadão
Um tal de Zé capeta
Com fama de valentão,
Corria lá um buchicho
Que tinha parte com o bicho
Talvez fosse o próprio cão

Diziam lá os mais velhos
Corriam lá uns boatos
Que ele era mesmo o capeta
Levando em conta seus atos.
É disso que eu vou falar
Porém não posso afirmar
Pois não apurei os fatos

O satanás em pessoa
Como ele se declarava
Zé capeta aonde ia
Pintava o sete e bordava.
E no sertão da Bahia
Aconteceu que um dia
Lampião ali passava.


Francis Gomes

E a história continua. Quer ler o final? Adquira o seu.


domingo, 24 de novembro de 2013
















Poeminha do faz de conta

Faz de conta que você
É uma flor a desabrochar
E eu o orvalho que cai
Para te deixar molhadinha.




Francis Gomes

terça-feira, 19 de novembro de 2013

UM POEMA NOVINHO EM FOLHA AINDA CHEIRANDO A TERRA MOLHADA DA INSPIRAÇÃO QUE BROTOU

Teu sorriso


Este sorriso mais que iluminado
Estes olhos meigos da cor do mel
Tem uma pitada de pecado
Que nos deixa entre a terra e o céu

Doce e tranquilo como a lua
Forte como os raios do sol
Tem um pouco da brisa da manhã
E das tardes a beleza do arrebol

Espontâneo como água nas nascentes
Embriagante como o vinho da uva
Tão iluminado, tão radiante!
Que brilha até nos dias de chuva

O que mais me falta falar
Deste sorriso maior que o universo
Meu poema é pequeno para contê-lo
E nem posso descrevê-lo em meus versos

Me faltam palavras, adjetivos inspiração.
Para descrevê-lo da forma que é preciso
A terra, o céu, o mar são testemunhas,
Não há nada mais lindo que seu sorriso.

Francis Gomes







segunda-feira, 18 de novembro de 2013

TRECHOS DO CORDEL O MENINO CABRITO.

O menino cabrito

Foi no sítio mulungu
Cidade Farias Brito
Onde aconteceu um caso
Extremamente esquisito
Nasceu um pobre coitado
Com a feição de cabrito

A coisa foi mesmo feia
Na hora que ele nasceu
O sol  se ocultou mais cedo
O dia escureceu
Igual na morte de Cristo
A terra também tremeu

Um vento soprava forte
Muitos cachorros latiam
Lobo uivava no mato
As galinhas se escondiam
Trovão zoava no céu
Na terra raios caiam
  
No bucho da pobre mãe
A cria se retorcia
Não se sabe se de medo
Ou pulando de alegria
A mulher gritava tanto
Que de longe se ouvia

Ninguém entendia nada
Que estava acontecendo
O marido desesperado
Saiu de casa correndo
Dizendo acudam gente
Que meu filho ta nascendo

E naquele alvoroço
Correu a mãe da buchuda
Fazendo o sinal da cruz
Também pedindo ajuda
Dizendo vala me Deus
Que Santa Rita me acuda
  
A velha partiu pro quarto
A onde a filha estava
Se retorcendo na cama
Trincando os dentes  gritava
De tanta dor que sentia
Quando a criança chutava

A mãe pedia calma
Que já estava saindo
A filha ficando fraca
A força ia sumindo
Pois só ela e Deus sabia
A dor que tava sentindo

Mas quando a vó viu
O que estava nascendo
Se arrepiou de medo
E começou se tremendo
Fez logo o sinal da cruz
Gritou e saiu correndo
  
A filha sem entender
A atitude da velhinha
Buscou a Deus e tirou
Força de onde não tinha
E se esforçou pra da à luz
Ao filho mesmo sozinha

Mas na hora que nasceu
Até ela se assustou
Diferente do normal
O seu filho não chorou
E ao invés de chorar
O bebezinho berrou

E na carreira a velha
Tropeçou quase caiu
O marido disse sogra
O que a senhora viu
Os olhos esbugalhados
Falou e a voz não saiu
  
Ainda toda tremendo
Apontava para o quarto
O marido nesta hora
Quase que teve um infarto
Pensando que a mulher
Tinha morrido no parto

Neste momento o homem
Quase perdeu o sentido
Preocupado com a mulher
E com o recém nascido
Entrou correndo pra ver
O que tinha acontecido

Parou na porta do quarto
Estatelado ficou
A mulher e o filho vivo
Mas o bebê se assustou
E novamente ao invés
De chorar ele berrou
  
O homem apavorado
Quis correr não conseguiu
A vista escureceu
Foi sentar quase caiu
Mas porém neste momento

A criancinha sorriu...


Francis Gomes


E as história continua
Entre em contato e adquira o seu cordel
tchekos@ig.com.br
www.poetafrancisgomes.blogspot.com

sábado, 16 de novembro de 2013

A TODOS MEUS IRMÃOS NEGROS MEU ABRAÇO, RESPEITO E HOMENGEM

O ENCANTO DO NEGRO

Eu gostaria de ser um poeta, um poeta de verdade,
Para descrever através dos meus versos
Nas entrelinhas de minha poesia,
A vida e seus momentos diversos.
E através dos versos, na melodia das rimas,
Alegrar o coração dos que vivem em prantos.
Fazer vibrar de alegria, os que andam tristes,
E se possível apagar da vida o desencanto.
Mesmo que fosse por um segundo,
Mas eu pudesse mostrar ao mundo,
Do negro o verdadeiro encanto.

Eu não descreveria aquele grito tristonho,
De um negro preso em uma senzala.
Nem tão pouco aquele grito de dor
De uma mulher negra, chamada escrava,
Tratada como um animal selvagem,
Gritando no tronco, quando um chicote surrava.
Não, eu não descreveria tal coisa,
Porque isto, nem um pouco me agrada,
Mas eu descreveria lutas, batalhas e glorias,
De um quilombo, que ficou na história,
Como um valente que enobrece esta raça.

Mas eu sei que não sou um poeta,
Faço rimas e versos quebrados,
O que eu sei que eu sou um valente,
Transpondo barreiras, vencendo obstáculos,
Quando venço, é porque sou capaz...
Não derrubo quem está do meu lado,
Me orgulho de ser como sou,
Aonde vou, sempre dou espetáculo
Sou negro, e me orgulho de ser!
Nem tão pouco me envergonho em dizer,
Que um dia eu já fui escravo.

Mas poeta, eu sei que não sou, não, não sou.
Nem sou sábio, para falar de uma causa tão nobre,
Mas bem sei que eu nasci como todos,
Pelado, sem dentes, não nasci rico nem pobre.
Deus me abençoou com o milagre da vida.
Sou negro, negro sim, mas isto não é motivo,
Para que eu me lamente da sorte.
Se eu levanto não caio, mas se eu caio levanto,
Porque sou um guerreiro, sou bravo, sou forte,
Por isso debulho nas cordas de um violão,
No batuque de um tamborim, na batida do rap,
Na melodia de uma canção,
Eu sou o negro que não nasci chorando,
Eu já nasci gritando:
Liberdade ou morte.
Francis Gomes


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A impossibilidade de um poeta II

Se eu falar não acredita
Mas você impossibilita
Este poeta de escrever,
A inspiração tem (você)
Mas as palavras não vêm
Ficam a se esconder.
Procuro nas cores
Na natureza nas flores
E sem saber o que fazer
Recorro aos livros de poemas
Para aumentar meu dilema
Não encontro o que quero ler,
Então busco na internet
O problema se repete
Só me resta reconhecer,
Desculpe minha grosseria
Não tenho adjetivos nem poesia
Para te descrever.


Francis Gomes
Os dois seres que habitam em mim


Quando eu penso em você
Sinto dentro do meu ser
Dois seres entrarem em combate.
Um é lúcido e coerente,
O outro é louco inconseqüente,
E assim vou vivendo este contraste.

Um segue as regras da lei, os mandamentos.
O outro as quebra em pensamento,
Pelo incontrolável desejo de tê-la.
Enquanto um te quer tão loucamente,
O outro é simples e inocente,
E treme de medo só em vê-la.

Confuso eu chego até pensar...
Se eu pudesse ter você sem te tocar,
Talvez fosse bem melhor assim.
Teria eu o que tanto quero,
Você igualmente como espero,
Se quisesse também teria a mim.

E para comigo cometo um delito.
Vivendo o meu “eu” este conflito,
Que transcende o meu próprio entendimento.
Quero a todo custo você que ainda não tenho,
Por outro lado eu muito me empenho,
Para não tê-la sequer no pensamento.

No entanto um de mim só pensa em ti,
O outro coitado tenta fugir,
Das loucuras que eu venha cometer.
Se este conflito durar  mais um pouco,
Ou eu faço um acordo meio louco,
Ou te esqueço antes de enlouquecer.

Se é que eu já não estou enlouquecido,
Querendo este amor que é proibido,
E causa um conflito no meu ser.
Se apenas um de mim não te esquece,
Imagina se o outro também quisesse...
Certamente eu morreria por você.


Francis Gomes

Para amar é preciso se despi


Para amar é preciso se despi.
Se despi da arrogância
Da inveja
Da ganância.
É preciso se despi
Da falsidade,
Da mentira
Da infidelidade.
É preciso se despi
Do egoísmo
Do orgulho próprio
Do individualismo,
Impróprio.
Para amar
É preciso esvaziar o coração,
Por completo,
Como uma casa nova sem mobília,
Para que ele se encha de amor de tal forma
Que transborde.
Sim que ele transborde,
E quando transbordar,
Então fluirá amor
Através dos olhos,
Através do sorriso
Através das palavras.
Para amar é preciso se despi
E está de coração vazio,
De qualquer outro sentimento
Que não seja amor



Francis Gomes



quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Cochimbrema
Sei que não sou um poeta
Também não sou  trovador
Muito menos repentista
Tão pouco sou cantador
Às vezes de tempo em tempo
Quando me sobra tempo
Me passo por escritor

Na vida escrevi de tudo
Que possa imaginar
Já fiz pessoas sorrirem
E outras eu fiz chorar.
Para quem não acredita
Tudo através da escrita
Meu modo de me expressar.

Tenho uma coisa comigo
Não sei se certo ou errado
Aquilo que não tem jeito
Pode ser modificado
Se ser feio não é bonito
Particularmente acredito
No mínimo é engraçado.

E pra falar de feiúra
É que eu venho escrever
Sobre uma palavra feia
Que eu ouvir alguém dizer
Por mais que eu tenha tentado
O verdadeiro significado
Não consegui entender.

Uma tal de COCHIMBREMA
Que eu não sei o que é
Não sei se fala de homem
Ou se fala de mulher
Se é algum palavrão
Se é coisa feia ou não
De onde veio nem como é.

Não sei se é outro idioma
Uma palavra estrangeira
Se é algum elogio
Ou é alguma besteira
Se  é de origem indígena
Ou talvez algum enigma
Coisa falsa ou verdadeira.

Não sei se é nome de santo
Que alguém já fez promessa
Se é  quem anda devagar
Ou alguém com muita pressa
Se fala da vida alheia
Só sei que a palavra é feia
E isso é o que interessa.

Mas quero deixar bem claro
Para quem me perguntar
Eu não sei como surgiu
Nem quem veio isto inventar
Só sei que vivo a ouvir
É cochimbrema pra aqui
É cochimbrema pra lá.

Eu vou falar a verdade
Pra tornar isso mais breve
Não sei o que quer dizer
Nem mesmo como se escreve
Se com x ou ch
Quem quiser vá procurar
O poeta não se atreve.

Mas eu vou logo avisando
Para o que for procurar
Se por motivo de sorte
Se por acaso encontrar,
O  que quer dizer cochimbrema
Fique com seu problema
Não precisa me falar.

Peço para os colegas
Companheiros e amigos
Não fiquem aborrecidos
Nem fiquem bravos comigo
E como eu  não fiz nada
Portador não merece pancada
Nem inocente castigo.

Mas  escrevo sobre tudo
Sobre a vida e seus dilemas
Sobre as coisas boas
E também sobre os problemas
Mas não fui eu que criei
Muito menos inventei
Esta tal de cochimbrema.

Não sou o pai da criança
E também não sei quem é
Não sei se fala de homem
Nem se fala de mulher
E se por  acaso eu soubesse
Mesmo que me pagasse
Eu não falava o que é.


Francis Gomes

Segundo alguns especialistas COCHIMBREMA significa
CO- corno
CHI- chifre
M_ mulher
BREMA-  vem da palavra problema.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

PAZ E AMOR- NELSON OLAVO

MARCA REGISTRADA EM TODOS OS SARAUS, E PRATICAMENTE O HINO DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL LITERATURA NO BRASIL  MÚSICA PAZ E AMOR DO POETA NELSON OLAVO.

MARIANA

MAIS UMA LOUCURA DO POETA FRANCIS GOMES, QUE CANTA MARIANA NAS ESCURAS.

Ponto G



UMA LINDA CANÇÃO DA VOZ DO GRANDE POETA E REPENTISTA CÍCERO JACÓ, UM FARIASBRITENSE AMIGO, DIVULGADOR E APAIXONADO PELA NOSSA CULTURA.

FOTOS DO SARAU O QUE DIZ OS UMBIGOS NO ESPAÇO DOS CONTADORES DE MENTIRA 04/11/2013

Mais uma tarde, noite de festa onde a arte e a cultura bateram palmas para a liberdade de expressão e o direito a um lugar para chamar de nosso.

















sexta-feira, 1 de novembro de 2013

TÔ SOLTEIRO

http://www.youtube.com/v/E4g69LwUzmk?autohide=1&version=3&showinfo=1&feature=share&autohide=1&attribution_tag=KQmUthXGGC9tt4OW6lG1uw&autoplay=1

Trechos do cordel O SERTANEJO, uma aula sobre o nordeste. SE VOCÊ NÃO CONHECE EU TE APRESENTO O PARAISO

O Sertanejo

Sei que não vou fazer feio
Pois só sei fazer bonito
Eu nasci em Assaré
Vivi em Farias Brito
E conheci Patativa
Poeta de voz ativa
Que do sertão era o grito

Por isso quero falar
Nesta mesma ocasião
O cordel o sertanejo
De minha própria invenção
Um cartão de boas vindas
Falando das coisas lindas
Que existe no meu sertão

Seu doutor sou sertanejo
Num sei ler mais eu pelejo
Fazer meu verso rimado
Às vezes num sai direito
A rima num sai perfeito
E o verso fica quebrado.


Patativa do Assaré
Nosso poeta de fé,
Que Deus tenha lá em cima.
Disse que no mês de maio
Nasce um verso em cada gaio,
E em cada flor uma rima.

Que poeta de valor
Num precisa professor
Pra lhe ensinar a rimar.
Ser poeta é dom e arte
Da obra de Deus faz parte,
Quando nasce Ele já dar.

Num preciso de cultura,
Ciência ou boa leitura,
Pra falar do meu sertão.
Tenho tudo que preciso,
Pois é mesmo um paraíso
O meu pedaço de chão...

...Sei o nome de cada mato:
Mofumbo unha -de -gato,
Aveloz e marmeleiro,
Jurema, angico, aroeira,
O velame a catingueira
A melosa e o salgueiro.

Muitos tipos de cipó,
Pau pereiro, pau mocó,
Que é verde a seca inteira.
Oiticica e jatobá,
Madeira nova, e sabiá
Sem falar da cajazeira.

Os três tipos ipê
E falo pra vosmecê
Com toda sinceridade
Que quando eles florescem,
Seu moço até parecem
O trono da divindade...

...E as nossas árvores fruteiras?
Seriguelas, mangueiras,
Pitombeiras, cajueiros,
Graviola, pinha, condessa,
E antes que eu esqueça,
Vários tipos de umbuzeiros.

Sei que num sabe o que é,
Mas tem o coco catolé,
Que só se encontra no serrado.
Onde a terra é mais molhada,
E a mata é mais fechada,
Do que é pelo baixado.
Também tem a carnaúba,
Goiabeira, macaúba,
Mutamba e tamarina.
Ameixa e limão da terra,
E ás vezes  no pé da serra,
Algum pé de tangerina...

...Dos Passarim cantador
Que vosmecê seu doutor
Num sabe nem se existe.
Eu conheço todos eles
E também o canto deles
Desde o alegre ao mais triste.

Tem anum e bacurau
João de barro e pica - pau
O nambu e a juriti.
O rouxinol do telhado,
O gavião do serrado,
Codorniz e o bem-te-vi.

Além do bico de osso,
Existe também seu moço
O  azulão de urtiga.
Também o galo campina,
O uirapuru da colina,
Que é o rei da cantiga.

Dois tipos de sabiá
Que quando canta por cá,
Inveja qualquer cantor.
O careta, o coleirinha,
Lavadeira e andorinha,
E também o beija flor.

Canários e pinta-silva
Araras e patativa
Asa branca e pardais.
Fura barreira e xexéu
Sanhaço, vêm-vêm e tetéu
Crespinas e muito mais...