O
ENCANTO DO NEGRO
Eu gostaria de ser um poeta,
um poeta de verdade,
Para descrever através dos
meus versos
Nas entrelinhas de minha poesia,
A vida e seus momentos
diversos.
E através dos versos, na
melodia das rimas,
Alegrar o coração dos que
vivem em prantos.
Fazer vibrar de alegria, os
que andam tristes,
E se possível apagar da vida
o desencanto.
Mesmo que fosse por um segundo,
Mas eu pudesse mostrar ao
mundo,
Do negro o verdadeiro encanto.
Eu não descreveria aquele grito
tristonho,
De um negro preso em uma
senzala.
Nem tão pouco aquele grito de
dor
De uma mulher negra, chamada
escrava,
Tratada como um animal
selvagem,
Gritando no tronco, quando um
chicote surrava.
Não, eu não descreveria tal
coisa,
Porque isto, nem um pouco me
agrada,
Mas eu descreveria lutas,
batalhas e glorias,
De um quilombo, que ficou na
história,
Como um valente que enobrece
esta raça.
Mas eu sei que não sou um
poeta,
Faço rimas e versos
quebrados,
O que eu sei que eu sou um
valente,
Transpondo barreiras,
vencendo obstáculos,
Quando venço, é porque sou
capaz...
Não derrubo quem está do meu
lado,
Me orgulho de ser como sou,
Aonde vou, sempre dou
espetáculo
Sou negro, e me orgulho de
ser!
Nem tão pouco me envergonho
em dizer,
Que um dia eu já fui escravo.
Mas poeta, eu sei que não sou,
não, não sou.
Nem sou sábio, para falar de
uma causa tão nobre,
Mas bem sei que eu nasci como
todos,
Pelado, sem dentes, não nasci
rico nem pobre.
Deus me abençoou com o
milagre da vida.
Sou negro, negro sim, mas
isto não é motivo,
Para que eu me lamente da
sorte.
Se eu levanto não caio, mas
se eu caio levanto,
Porque sou um guerreiro, sou
bravo, sou forte,
Por isso debulho nas cordas
de um violão,
No batuque de um tamborim, na
batida do rap,
Na melodia de uma canção,
Eu sou o negro que não nasci
chorando,
Eu já nasci gritando:
Liberdade ou morte.
Francis Gomes