O contador de história
José Luiz, conhecido como Zé Bigode pelos mais velhos, porém entre a criançada, o contador de história. Nascido em Farias Brito, uma pequena cidade localizada no interior do Ceará. Zé Bigode era um sujeito aparentemente feliz, extremamente engraçado. Tinha um timbre agudo na voz, sobrancelhas grandes, olhos pretos, um nariz avantajado, lábios grossos e boca que não era das menores, uma estatura mediana, pele escura e como não podia ser diferente, uma vasta cabeleira de cabelos pretos e lisos, pois o tal era de origem indígena.
Trazia consigo a tradição do seu povo. Todavia o bigode era a única coisa que o contrariava, sabido que não é normal entre os índios o uso do mesmo.
Um profundo conhecedor da natureza. Ajudava muitas pessoas através dos seus ensinamentos e remédios naturais, garrafadas, um tipo de xarope feito com raízes e cascas de árvores. Mas, além disso, tinha como grande virtude, contar histórias e anedotas orgulhava-se de fazer as pessoas rirem, principalmente a criançada, que adoravam ouvi-lo.
Todas as noites, Zé bigode tinha um compromisso: Reunia uma multidão em um grande terreiro em frente sua casa, na maioria crianças.
Iluminado pelo o esplendor da lua, e o cintilante brilho das estrelas ia até altas horas da noite contando suas histórias e anedotas fazendo a criançada se desmanchar em risos.
Porém pouco se sabia da vida do tal, exceto que seus pais eram índios da tribo Quixará que viviam as margens do rio Cariús. Aquela aparência de felicidade, não passava de aparência, para disfarçar a grande tristeza que carregava dentro de si, pelo o que lhe aconteceu no passado. Seus avós e pais foram expulsos de suas terras por fazendeiros que tomavam a terra dos mais pobres transformando-os em forasteiros, para viver sabe-se lá Deus onde. Quanto José Bigode não existe por ai, contando histórias para viver uma vida de aparência, maquiar a tristeza, fingir a felicidade, mas fazendo alguém ri.
Francis Gomes
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