domingo, 14 de novembro de 2010

Meus queridos, nesta noite do dia treze do atual mês de Novembro de 2010, fui presentado com um presente sem embrulho, sem laços, sem cartão, um presente do tamanho do Galpão das Artes.
Como sempre, ou quase sempre que existe algum evento em Suzano, eu e o brother e escritor Sacolinha marcamos presença divulgando nosso trabalho, não poderia ser diferente desta vez na 6º amostra de referências teatrais de Suzano.
Como nada acontece por acaso,desta vez fui sozinho já que o amigo Sacolinha precisava ficar no Centro Cultural Francisco Carlos Moriconi organizando o tão Conhecido Pavio da Cultura. Tava tudo certo, após a entrada do pessoal ao teatro eu deviria comparecer ao Centro cultural para participar do pavio, mas não sei, talvez por um espírito inquieto e apaixonado  pelo sertão, do grande poeta Patativa do Assaré, resolvi ficar.
Que viagem, voltei no tempo, e pude ver novamente as estradas de terra, as pedras ,as casas de taipa de barro branco, a casas de farinha que tem na Serra de Santana, os chocalhos batendo, a pinguinha branca, a inchada, e ouvir o cantar dos passáros da terra  onde eu nasci,  e nasceu e viveu o poeta, Patativa, fiz uma conexão direto de São Paulo a Assaré, por meio da Rádio Caldeirão.
Mais uma vez o meu orgulho de ser nordestino tomou de conta de mim ao ver através da peça CONCERTO DE ISPINHA DE FULÔ, com a CIA DO TIJOLO, que enquanto tantos estudiosos buscam estudar, técnicas, métricas de se fazer poesia, e um matuto analfabeto escrever maravilhosamente como Patativa, o meu mestre no cordel e na poesia matuta, obrigado Patativa do Assaré.
Você deve está se perguntando, e o presente, calma o presente vem agora,em um dos momentos da peça, escrevíamos e falávamos de onde éramos, quando falei que era de Assaré, fui chamado ao palco, fui ovacionado, muito aplaudido, e quando falei que era cordelilsta, pediram para que eu fizesse um cordel, antes de tudo isso acontecer eu estava não sei porque, talvez Patativa saiba, exatamente tentando lembrar o cordel o Sertanejo de minha autoria onde presto uma homenagem ao génio, recitei-o, que maravilha, eu jamais poderia imaginar isso, ir ao teatro para ver uma peça, e fazer parte do espetáculo, isso são coisas da vida,  se o mundo é de escolha fiz a escolha certa ao ficar lá, se é de oportunidade, então estava eu no lugar certo na, e na hora certa. Um espétaculo excelente, e artista maravilhosos. Parabéns CIA DO TIJOLO.
vejam parte do Cordel.


O Sertanejo

Sei que não vou fazer feio
Pois só sei fazer bonito
Eu nasci em Assaré
Vivi em Farias Brito
E conheci Patativa
Poeta de voz ativa
Que do sertão era o grito

Por isso quero falar
Nesta mesma ocasião
O cordel o sertanejo
De minha própria invenção
Um cartão de boas vindas
Falando das coisas lindas
Que existe no meu sertão

Seu doutor sou sertanejo
Num sei ler mais eu pelejo
Fazer meu verso rimado
Às vezes num sai direito
A rima num sai perfeito
E o verso fica quebrado

Patativa do Assaré
Nosso poeta de fé,
Que Deus tenha lá em cima.
Disse que no mês de maio
Nasce um verso em cada gaio,
E em cada flor uma rima.

Que poeta de valor
Num precisa professor
Pra lhe ensinar a rimar.
Ser poeta é dom e arte
Da obra de Deus faz parte,
Quando nasce Ele já dar.

Num preciso de cultura,
Ciência ou boa leitura,
Pra falar do meu sertão.
Tenho tudo que preciso,
Pois é mesmo um paraíso
O meu pedaço de chão.
De modo que levo a vida
Cuidando da minha lida
Mesmo sem ter estudado.
Mas falo de coração
Nas coisas do meu sertão
Eu sou um doutor formado.

Da terra eu conheço bem
De tudo que ela tem,
Tiro sempre bom proveito.
E o senhor é um marombado
Fica a botar mal olhado
No que não sabe direito.

Eu vou falar a verdade
Num conheço a cidade,
Mas isso não me aperreia.
Pois conheço meu sertão
Por cada palmo de chão
E cada grão de areia.
E duvido que o senhor
Com seus trajes de doutor
Seu lugar conheça bem.
Como eu conheço o sertão
Como a palma da mão
E tudo que nele tem

Desde a rama rasteira
Até a mais trepadeira
E a sua utilidade.
E o senhor com seu saber!
Eu duvido conhecer,
Cada rua da cidade.

Sei o nome de cada mato:
Mofumbo unha -de -gato,
Aveloz e marmeleiro,
Jurema, angico, aroeira,
O velame a catingueira
A melosa e o salgueiro.
Muitos tipos de cipó,
Pau pereiro, pau mocó,
Que é verde a seca inteira.
Oiticica e jatobá,
Madeira nova, e sabiá
Sem falar da cajazeira.

Os três tipos ipê
E falo pra vosmecê
Com toda sinceridade
Que quando eles florescem,
Seu moço até parecem
O trono da divindade

Meu tempo num vou perder
Tentando lhe convencer
De tudo que tem aqui.
Dos tipos de animais,
Das ervas medicinais
Que o senhor não tem aí...


Francis Gomes.

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