Longe
da globalização
Eu
nasci num pé de serra
Nos
confins do Ceará
Sou
caipira sim senhor
Não
nego meu naturar
Matuto
do pé rachado
Analfabeto
acanhado
E
nunca pude estudar
Ser
cearense é um orgulho
E
ser caipira também
Mas
tenho uma tristeza
E
não escondo de ninguém
Por
nunca aprender ler
Eu
nunca pude escrever
Sobre
as belezas que nois tem...
Como
eu não sei escrever
Tenho
que decorar
Tudo
aquilo que eu intento
Falar
sobre meu lugar
Das
belezas do sertão
Das
coisas do coração
E
do meu lindo Ceará
Porque
nois é professor
Mas
só mermo aqui no mato
Pois
quando vai a cidade
Nois
até parece um pato
Fica
todo abobaiado
Como
um bicho encurralado
Sem
ter noção dos seus atos.
Fica
todo assustado
E
logo se perde a carma
Pois
caipira na cidade
É
como um corpo sem alma
Como
um trem fora do trilho
Uma
luz que não tem brilho
Com
peixe fora d’água.
Para
que vocês não pensem
Que
eu estou inventando
Eu
vou mostrar uma prova
Do
que eu estou falando
Não
sucedeu com um amigo
Isto
aconteceu comigo
Portanto
vão me escutando
De
modo que eu vou falar,
É
muito ruim ser tapado,
Digo
ser muito tímido
Vergonhoso,
acanhado
E
se for analfabeto
É
um boboca completo
Neste
mundo globalizado...
Meu
pai era o meu livro
E
a terra meu caderno
E
tudo que eu aprendi
Tornou-se
um tesouro eterno,
Mas
não era o suficiente
Pra
viver descentemente
Num
mundo hostil e moderno...
...Eu
gostava de uma moça
Que
se chamava Janete
Mas
ela gostava mermo
Que
eu lhe chamasse de Nete,
Filha
de seu Jacobina
E
de dona Dorvelina
Irmã
Gêmea de Ivonete.
Entre
o que eu mais gostava,
Andar
pela mata verde
Tomar
banho no rio
Na
fonte matar a cede,
E
juntinho com a Nete
Grudadinho
igual chiclete
Se
balançar numa rede...
...Zequinha
nem parecia
Aquela
criança arcaica
Estudou
muito e se tornou
Uma
pessoa pragmática
Pois
imagine vocês
Dava
aula de inglês
E
ciência da informática...
Zequinha
disse my friend
Vamos
entrar na net,
Eu
pensei vala me Deus
Ele
conhece Janete,
Mas
não deu pra entender
O
que ele quis dizer
Com
vamos entrar na net!
Pior
quando ele falou:
Nós
navegamos na rede,
Rapaz
eu mudei de cor
Fiquei
branco fiquei verde
Pois
a surpresa foi tanta
Me
deu um nó na garganta
Que
comecei sentir sede.
E
continuou falando
O
que na net fazia.
Fazemos
sexo na rede,
Não
diga que sabia?
Eu
pensei fia da puta
Dando
uma de matuta
E
a desgraça me traia...
E a história continua quer ver o final e estrofes que faltam adquira o cordel.
tchekos@ig.com.br
www.poetafrancisgomes.blogspot.com
Francis Gomes
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