quinta-feira, 30 de maio de 2013

Os prêmios da longevidade


 

Não trabalho mais,
Apenas dou trabalho.
Não como mais o que gosto,
Nem gosto mais do que como.
Não consigo sorri, não vejo graça em nada,
Ninguém sorri para mim, não tenho graça nenhuma.
Não me apaixono,
Nem desperto paixões.
Não aqueço mais as mulheres,
Nem elas me aquecem,
Os meus olhares não mais cobiçosos,
E não sou cobiçado por nenhum olhar.
Vejo que  as coisas do mundo não me fazem falta,
Nem eu faço falta ao mundo,
Não visito mais meus amigos,
Nem meus amigos me visitam,
Não corro, não ando, não vou a lugar algum.
Os meus braços não têm forças para abraçar,
E os abraços que recebo, já não são fortes.
O brilho do sol me parece pardo,
O céu que vejo está sempre nublado,
Não tem mais estrelas.
E a lua parece menor que antes.
É como se este mundo não me pertencesse,
Nem eu pertencesse a ele.
Então que prêmio é este,
Que tudo perde a cor,
Perde o brilho,
Perde a graça,
O sabor de viver.
Este prêmio eu não quero.
Prefiro me aposentar da vida,
Antes que ela se aposente de mim.

 
Francis Gomes

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

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