Tenho para comigo que uma árvore, por mais frondosa e bela que seja, se podarmos seus galhos, suas folhas, ela volta nascer brotos, renovar suas folha e flores e da frutos, mas se cortarmos suas raízes, ela certamente morrerá, porque é através de suas raízes, que ela recebe a seiva para viver, assim também sou eu, para continuar vivo não esqueço minhas raízes, meu povo, e nossos costumes porque isso é o que me alimenta e fortalece-me para continuar sendo um poeta, matuto, caipira e vivo.
Matuto
Sou matuto sim senhor
Mermo assim vivo contente
Embrenhado aqui no mato
Meu costume é diferente
Dos costumes da cidade
Onde sobra falsidade
E farta coisa descente.
Cá no manto onde moro
Longe da modernidade,
Tudo aqui é muito simples
Num existe vaidade.
O meu mundo é modesto
O meu viver bem discreto
Diferente da cidade.
Num tenho televisão
Nem o tar computador
Só tenho um rádio de pilha
Que o meu pai me deixou
Uma viola afinada
Uma foice e uma inchada
Que é a caneta do lavrador
Um facão enferrujado
Um machado, uma roçadeira
Um borná feito de couro
Uma espingarda socadeira
Um jumentinho troteiro
E meu cachorro trigueiro
Que me acompanha a vida inteira.
Esta é minha herança
Tesouro de minha vida
Mas minha maior riqueza
Minha jóia preferida
É ver meus fios contente
Do mermo modo igualmente
A minha muié querida.
Francis Gomes
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