Seu
moço eu vou lhe falar,
De
duas muié desastrada,
Mas
vou pedir prô senhor
Por
favor, num dê risada,
Num
vou contar anedota,
Nem
vou fazer paiaçada
Num
é história de pescador,
Aconteceu
sim senhor,
Não
é nenhuma piada.
Duas
pestes fuxiqueiras
Gente
sem ocupação,
Como
bem diz um ditado,
Lá
no meu veio sertão
Que
mente desocupada
É
oficina do cão,
Maquinando
o que num presta
Fazendo
o que Deus detesta
Arrumando
confusão.
Gente
desmazelada,
O
que não ver, ela inventa,
Gosta
de uma fofoca,
Tudo
que ouve, aumenta,
Não
pode ver ninguém quieto
Que
logo se apoquenta
Vive
de mexerico,
Se
não fizer um fuxico,
Fica
que num se aguenta.
Apois
bem, onde eu morava,
Lá
no morro do petisco,
Tinha
duas pestes assim
Que
adorava um mexerico.
A
muié de Zé Calango,
E
a muié do Tico Tico,
Duas
cobras venenosa,
Que
prá encurtar a prosa,
Caiu
no próprio fuxico.
A
muié do Zé Calango,
Gorda
igual um elefante,
Falou
prá do TicoTico,
Que
ele tinha uma amante,
Só
não ia dizer quem era
Prá
num ser deselegante,
E
ainda disse a muié,
Quem
avisa amigo é,
E
saiu exuberante.
A
muié do TicoTico
Também
fez a merma coisa,
Foi
falar prá Zé Calango,
-Cuidado
cá sua esposa,
Com
aquela cara de santa,
É
uma veia raposa,
Enquanto
tu tá dormindo,
Ela
tá te traindo,
Fique
atento cá a mariposa.
Descobriram
a mentira
E
as duas se enfezaram,
Duas
semanas depois
As
malditas se encontraram,
Como
dois touros enraivados
As
caboclas se atracaram,
O
reboliço começou
Foi
por pouco sim senhor,
Que
as pestes não se mataram.
Foi
num dia de domingo,
Logo
depois do almoço,
Eu
tava quase dormindo,
Quando
escutei o destroço,
Uma
gritava:- safada
Eu
vou quebrar seu pescoço.
Nunca
vi coisa tão feia,
Parecia
duas baleia
Brigando
no mermo poço....
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