quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Cheiro de terra




Sinto saudades
Daquele cheiro de terra
De ouvir no pé da serra
O canto da juriti
Nos fins de tarde
Quando o sol estava se pondo
Ver os pássaros voando
Procurando onde dormir

Em revoada
Chegavam fazendo festa
Parecia uma orquestra
Voando no céu azul
De minha casa
Eu ouvia na colina
Cantar o galo campina
E o saudoso uirapuru

Sinto saudades
Das noites de pescaria
Quando eu ficava em vigília
Sentado a beira do rio
Observando
Aquela lua que beleza
Com uma fogueira acesa
Para me aquecer do frio

Sinto saudades
Do meu cavalo alazão
Da perneira e do gibão
Do bom tempo que se foi
Hoje só resta
Daquele tempo passado
Um retrato desbotado
Do velho carro de boi

O meu berrante
Hoje vive empoeirado
Na parede pendurado
Nunca mais pude tocar
Pois só em vê-lo
Meus olhos enchem de lágrimas
Parecem um rio de água
Eu não posso controlar

A onde moro
Aqui nas terras do sul
O céu não é tão azul
Como é no meu lugar
E o por do sol
Não tem a mesma alegria
Não tem pássaros em cantoria
Como existia lá

Até a lua
Parece ser apagada
Já não é tão prateada
Como é no meu sertão
Para matar
A saudade que eu sinto
Rabisquei estes rabiscos
E saiu esta canção

Canção que fala
De um caipira entristecido
Que hoje vive aborrecido
Embrenhado na cidade
E quando escuta
O choro de um violão
Lembrando as coisas do sertão
Ainda chora de saudades


Francis Gomes

Nenhum comentário:

Postar um comentário