Análise Sintaxe a dois
Sou um sujeito simples
De voz ativa objetiva e direta.
Tenho meus adjetivos,
Nada absoluto
Bem primitivo é verdade.
Mas a patroa,
Abusa do uso das expressões
A fim de me fazer sentir complexo de inferioridade.
Segundo ela
Sou um artigo sem valor
Na conjuntura da frase.
Uma preposição inútil
Que não faz falta.
Um verbo intransitivo
Mas inconjugável no passado,
Presente e futuro,
Com muita sorte
No pretérito imperfeito.
E que ela tem predicado
Para me fazer objeto
Diretamente subordinado a ela.
E ainda pode me tornar sujeito oculto
E substituir-me por uma segunda
Ou terceira pessoa a qualquer tempo.
Mas analisando
A colocação de suas palavras
Percebo que são subjetivas,
E tudo isso não passa de relutâncias verbais.
Apesar de ela ser possessiva e radical,
Eu bem sei que
Na hora a H,
Na justaposição em que
A vogal liga a consoante
Ela abre aspas
Fecha parênteses
Quando se faz necessário
O uso do travessão,
Ela olha para mim
Com olhar de exclamação,
Faz sinais de reticências
Entramos em uma
Concordância nominal
Quando os sons das sílabas
Passam ser vibrantes
E os ditongos crescentes são orais
Sou eu que determino o ponto final.
Francis Gomes
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