terça-feira, 26 de novembro de 2013

TRECHOS DE MAIS UM CORDEL DO POETA FRANCIS GOMES

O Encontro de Lampião com Zé Capeta

Como poeta que sou
Cordelista e nordestino
Peço licença aos colegas
Que tem o mesmo destino
Mas a pedido de um amigo
Vou tentar ver se consigo
Falar sobre Virgolino

Quem não conhece a fama
Do nordeste brasileiro
Pobre terra castigada
Pela seca o ano inteiro?
Mas rica em homens valentes
De coronéis e tenentes
E do maior cangaceiro.

Do Juazeiro do Norte
De Padre Cícero Romão
E Virgolino Ferreira
O temido Lampião.
Sem por os outros pra baixo
Foi um dos homens mais macho
Que já nasceu no sertão.

Famoso rei do cangaço
Do nordeste brasileiro
Seus feitos são conhecidos
Por este Brasil inteiro,
Vou contar feitos incríveis
E algumas senas terríveis
Deste grande cangaceiro.

Mas antes de começar
Amigo prestem atenção  
Eu vou contar pra você
Logo em primeira mão
O motivo e o porquê
Virgolino veio a ser
Chamado de Lampião

Virgolino tinha um costume
Depois de uma batalha
Tomar um copo de pinga
Fumar um cigarro de palha,
E o tira-gosto usado
Era sangrar um soldado
E lamber sua navalha

Aconteceu que uma noite
Em certa ocasião
O cigarro do cangaceiro
Caiu e se perdeu no chão.
Ele começou atirar
Para poder encontrar
O cigarro na escuridão

Seu rifle jorrava fogo
Clareando a escuridão
Semelhante uma luz
No pavio de um lampião
Então surgiu o apelido
Do homem mais conhecido
No cangaço do sertão

Por um propósito de Deus
Ou artimanha do cão
Na fazendo vila bela
No agreste do sertão
Nasceu então um menino
Por nome de Virgolino
Que veio a ser Lampião.

Mas não se aterrorize
Sobre o que dele escutou
Nem com que neste instante
Descrever agora eu vou
Porque este Virgolino
Foi só mais um nordestino
Que o mundo transformou.

Como premonição
Ou saga de um nordestino
O sofrimento é certeza
Nas trilhas de seu destino
Por mais que fosse valente
Também não foi diferente
Na vida de Virgolino.

Contudo ele não tinha
Um coração tão malvado
Mas só depois que ele viu
Seu pai sendo assassinado
Foi então que Virgolino
Traçou seu próprio destino
De cangaceiro afamado...

...Mas havia na Bahia
Um ilustre cidadão
Um tal de Zé capeta
Com fama de valentão,
Corria lá um buchicho
Que tinha parte com o bicho
Talvez fosse o próprio cão

Diziam lá os mais velhos
Corriam lá uns boatos
Que ele era mesmo o capeta
Levando em conta seus atos.
É disso que eu vou falar
Porém não posso afirmar
Pois não apurei os fatos

O satanás em pessoa
Como ele se declarava
Zé capeta aonde ia
Pintava o sete e bordava.
E no sertão da Bahia
Aconteceu que um dia
Lampião ali passava.


Francis Gomes

E a história continua. Quer ler o final? Adquira o seu.


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