Peripécias do tempo
Será que se ela
lembrasse todas as loucuras de amor que fiz por ela, faria diferente? Talvez até
se envergonhasse dos micos que paguei por amor.
Se ela lembrasse
das noites mal dormidas, e muitas outras em claro, dos dias de trabalho dobrado
para tentar dá o melhor para ela.
De minhas
lágrimas quando ela ficava doente, do meu sorriso umedecido de felicidade
quando sorria para mim falando que me amava.
Será se ela lembrasse
o primeiro abraço, do primeiro beijo, da primeira noite juntos, eu nem dormi só
lhe admirando. Será que faria diferente?
Ah! Talvez se
ela lembrasse dos nossos primeiros três anos juntos. Do quanto ela dependia de
mim e eu sempre presente, quem sabe faria diferente. Mas agora não depende mais
de mim.
Eu não sei o
motivo, apenas sei que destes momentos ela não lembra.
Mas para manter
viva a chama deste amor, hoje muitos anos depois, velho cansado, vivo brigando
com o tempo para que ele não apague de minha memória o que nunca permitiu que
ela lembrasse.
Do primeiro
sorriso,
Do sorriso sem
dente,
Do primeiro
dentinho que nasceu,
Dos beijos
estalados em minha face,
Dos primeiros
passinhos que ela deu,
Daquelas mãozinhas
pequenas segurando a minha,
Das primeiras
palavras,
Da primeira vez
que me chamou de pai,
E dos bracinhos
erguidos aos céus, “cola, papai, cola pai, cola”.
Ah! Minha filha, talvez se você lembrasse disso
não me deixaria abandonado deste asilo vivendo apenas das lembrasse, lutando
para o tempo não apagar de mim o que nunca permitiu você lembrar.
A espera de um
abraço que não vem,
Querendo ouvir
novamente, papai colo, cola papai.
As lágrimas
teimosas correm sem Cesar molhando meu rosto,
Mas quero que
saiba eu faria tudo de novo, porque o meu amor por você ele é incondicional.
E este amor,
este amor será para eternidade
Eu morrerei, mas
teu amor comigo vai
Para sempre tu
serás a minha filha
E após a morte
ainda serei teu pai.
Francis Gomes
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